Ao divulgar ontem o Relatório de Inflação, o Banco Central (BC) deixou claro que vai continuar reduzindo a taxa básica dos juros (Selic) e que a economia conviverá com juros historicamente baixos por um bom tempo. No documento, o BC indica que, mesmo que a Selic caia dos atuais 8,25% para 7% ao ano e seja mantida nesse patamar até o fim de 2018, o IPCA ficará dentro das metas fixadas até 2020.
O mercado, agora, trabalha com a possibilidade de a Selic cair abaixo de 7% no início do próximo ano. Com isso, o juro básico, que serve de referência para toda a economia, cairia ao menor nível da história. Analistas acreditam que, dado o forte recuo do IPCA, que nos 12 meses até agosto ficou em 2,5%, mesmo valor da prévia da inflação de setembro (IPCA-15), a queda dos juros, desta vez, é sustentável.
A expectativa de juros e inflação menores já leva os economistas a revisar, para cima, as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este e o próximo ano. A Tendências Consultoria Integrada, por exemplo, mudou de 0,3% para 0,7% a projeção de alta do PIB para 2017 e manteve em 2,8% a estimativa para 2018.
O otimismo com a recuperação da economia se dissemina, mesmo diante da crise política que ameaça o mandato do presidente Michel Temer, denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República, e da consequente falta de condições para aprovar a reforma da Previdência, considerada crucial para o reequilíbrio das contas públicas.
“Agora estamos conseguindo ver o copo meio cheio”, disse Mário Torós, ex-diretor do BC e hoje sócio da Ibiúna Investimentos, que atribui o mérito à área econômica do governo. Ele destaca a antecipação do pagamento de R$ 180 bilhões do BNDES ao Tesouro Nacional. A medida ajudará a manter a dívida pública estável em 2018, depois de anos de escalada.
Fonte: Valor Econômico
Leave A Comment